agosto 30, 2006

pequenos momentos

Há momentos únicos. Que gravamos naquele cantinho especial, a que é fácil de chegar e está sempre visível. Há gestos únicos, que valem mais do que qualquer das tuas palavras (e do que todas as palavras do mundo) e que me afagam e permitem deixar a tristeza de lado. Há braços que abraçam e prendem ao meu corpo a ternura que me deste. As mãos, que me seguram, mostram que não há porque ter medo. O caminho está certo (e bem traçado há demasiado tempo). Descobri, num momento não muito longínquo, que não há nada melhor que fechar os olhos e abrir os braços, sentindo o sol em cada poro. Gosto de te sentir perto e respirar-te, de sentir a pele. Na pele. Nos lábios. Na ponta dos dedos.
Gosto dos abraços apertados, que levam sempre um pouquinho de mim, e me trazem algo de novo. A paz, a serenidade, a força para continuar. Amo sorrisos…envergonhados, tímidos, francos, abertos, despropositados e provocados. Mas acima de tudo, gosto da ausência e da falta de necessidade. Das palavras, quando páras a observar-me e abro um sorriso e te pergunto “que foi?” e sorris também, acenando ao de leve. Sim, é retórica. É a estranha necessidade de preencher um espaço cheio por si só. Com muito de ti.

E de mim

agosto 28, 2006

Aos 21...

"Aquilo que encanta também guia e protege; Apaixonadamente obsecados por que quer que seja que amemos- ideias, pessoas...- uma avalanche de magia aplana-nos o caminho, dilui regras, razões, divergências, transporta-nos sobre abismos, temores, dúvidas. É esse o poder do Amor e da Vida!"

agosto 27, 2006

Com a distância dos dias, percebo como nunca são suficientes. Porque mesmo que não tivessem ficado por dar (porque não foram pensados), os beijos sabem sempre bem... e fazem sempre falta.

Há sempre um beijo que fica por dar.

agosto 19, 2006

Desejo

queria um poema bonito

rimado, sonoro

tão forte quanto um desejo

ardente pecado

queria a palavra perfeita

exata, na veia

tão forte quanto lágrima

rompendo represa

mas nem todo verso

é poema

nem todo verbo

certeza

nem todo pecado

é dilema

nem toda lágrima

tristeza

queria o poema possível

sem rima, sem rímel

tão claro quanto o que sinto

puro ar que respiro

queria a palavra não dita

o silêncio malícia

o olhar que diz tudo

claro, raro, profundo


Luis Prôa

agosto 16, 2006

"Engraçado como quase nunca recordamos o primeiro, mas nos fixamos sempre no último beijo..aquele que não demos, que ficou perdido em discussões e lágrimas, o que os lábios mais desejaram...quando começa vem devagar, mas no final, queremos sempre mais um...aquele que vai ser pra guardar".


..fez-me pensar...

agosto 14, 2006

sondagem à boca das urnas

...acreditam no amor à primeira vista?!

agosto 13, 2006

E hoje sim, a tormenta. Como chuva que lava. Como água que purifica. Cairam hoje as que ficaram adiadas pertinho de outro país, as que a Ria consolou antes de se abeirarem de meus olhos, aquelas que a tarde de sexta secou e que a (in)sensatez não tem deixado cair. Hoje sim desabei do meu castelo de cartas. Depois de falar contigo, o nó na garganta começou-se a desfazer. Devagarinho. Não são de tristeza, as lágrimas que invadem minha fronte. São (já) de saudade. De infinitas tardes de Prometeu (que começaram há longincuos três anos), momentos de chuva (e o amarelo do guarda-chuva), de dias de sol e esplanada, de trabalhos sempre levados a sério (!), deitados, no alcatrão quente, gritando "fiambre" e enquadrando o desenquadrar da vida. Consolando as dores supremas (e inconsoláveis) horas sem fim ao telefone. As dúvidas de última hora. As horas a discutir Pessoa (sempre) ao telefone (que de certezinha saía no exame!). Os cafés na Monte (o meu atraso/imagem de marca). A discussão da agenda à segunda de manhã. Os portáteis nas aulas de Prav. A desatenção nas aulas de História (e a resposta sempre debaixo da língua). Mais lágrimas. Lenços. Coloridos (caixas maradas com aberturas de lado). Abraços. Palavras. Suposições. O desenho do sorriso (como um timido raio de sol depois do temporal carregado). A incerteza das palavras de outrém. As lágrimas na Ivete. As lágrimas na ESCA. As lágrimas na UM. As que virão. No Brasil, em Itália, na Alemanha. E em Portugal, no nosso Portugal. Os jogos na avenida. As infindáveis noites de copos (e o que vestir?! :p) Populum. Benetton?! "All night long!" Safaris, muito samba, colunas. Gargalhadas, smss, toques. Mais lágrimas. Pinturas, aromas, perfumes...sorrisos amarelos, olhares perdidos, palavras perdoadas antes de serem proferidas. Testes. Exames. Mais cafés (um curto pra ela, pra mim é cheio, o dela tem que ter rebuçado), doces, chocolates, compras...saldos!! :D

Hoje começamos uma nova etapa...que, na verdade, começou na sexta-feira, quando passamos duas horas em casa dela, falando dos parcos 10 dias que passamos separadas. E que, por imposição do tempo, (sempre o tempo) não foram mais. E, outros braços de abraços (que não os de terça) se abraçaram, dizendo um adeus sentido, selado com as lágrimas que elas não conseguiram evitar e que eu não consegui lá deixar. Ficam aqui. Daquelas gordas, que seguramos com as duas mãos e guardamos junto ao coração. Que brilham ao sol e à noite parecem estrelas no céu escuro. Das mais brilhantes.

agosto 10, 2006

El Paquito

Há uma parte de mim que lá ficou. Há uma parte que ainda não voltou. Que se perdeu ali, em Vilar Formoso, nos braços dos abraços. Há uma parte que veio comigo. E que ainda sorri ao lembrar dos sorrisos, dos abraços apertados, as palavras de consolo, dos olhos, olhando não sabemos ao certo o quê. Apenas olhando, gravando na memória rostos, expressões, calando lágrimas que se disfarçam em mais sorrisos, apertando junto ao peito aqueles que, durante nove dias, marcaram nossas vidas e partilharam momentos, cafés, cigarros, noites de estrelas e dias de chuva, missões de sol e muito cansaço.
Há uma parte de mim que já não me pertence. Há um pouquinho, de alguns (todos), que trouxe comigo. Chama-se a isto partilhar. Poderia ir pelo caminho fácil e simplesmente descrever o factual, o objectivo, tudo aquilo que se passou e que vivemos. Para isso terei tempo. Para relatar o cansaço das horas de viagem, as chegadas e partidas de cada lugar, a construção da missão. Mas agora (e porque o “fácil” não faz parte de mim) quero mais do que isso. Quero prender uma infima parte às palavras...cada sorriso, cada lágrima, cada incerteza, cada mão que ajudou, cada ombro que consolou, o cansaço (e a persistência). Quero prender ao “aqui e agora” a paz de alma que me invade, as tormentas que ficaram lá longe, perto de França. Os risos, as músicas, os elefantes, a preocupação com os outros, as noites estreladas…tudo isso veio comigo.
Estar lá, beber daquela paz e construirmos, juntos, uma missão, foi a parte fácil. O Paquito começou em Aveiro, na despedida sentida, ao pôr-do-sol. Começou quando os sorrisos se desvaneceram e começaram a dar lugar às memórias, às piadas e recordações de situações caricatas. Começou quando, ao deitar, não disse boa noite à minha vizinha do lado (a Rute) ou à de cima (a Rita). Começou assim que o comboio deixou aquela estação.
Começou assim que vi pela última vez o teu sorriso.

agosto 09, 2006

somewhere between something

O meu drama: arrumar o quarto...veio a época de exames e ficou tudo impec, preciava de organização (e espaço) pra estudar...foram sendo feitos e a desarrumação crescendo..fui e vim do campeonato de basket, estudei para os exames de recurso, fui e vim de Porto Covo, aventurei-me por terras de nuestros hermanos (o que a seu tempo dará um post) e...o quarto continua caótico. Tropeço em coisas que não quero arrumar. Praguejo, não pela preguiça de as arrumar, mas pela necessidade de as ter lá. De tropeçar nelas. As minhas coisas. Os sapatos desarrumados, as roupas caídas, as caixas coloridas onde gosto de arrumar pedacinhos de mim, o pufe no meio do quarto, xeio de coisas em cima. Os apontamentos de Psicologia que se misturam com as folhas quadriculadas de Métodos, capas e folhas soltas de teorias que rivalizam com exercicios de médias e rectas estranhas...Sei que tenho que arrumar o quarto. Sei-o desde o dia em que prestei o último exame de recurso. Mas não quero. Preciso deste caos, preciso de virar tudo do avesso para encontrar um simples gancho para o cabelo. Não quero arrumar um espaço que vai deixar de ser meu. Adio o inevitável. A partida. A arrumação dos apontamentos no baú, dos meus pedacinhos nas caixas coloridas e destas nos armários, dos sapatos na sapateira. A mala preta, que está em cima do armário espera já ansiosa para saltar cá pra fora. O traje está arrumado, o tricórnico cuidadosamente pousado em cima de tudo, com molas nas pontas para não abrir. É só acabar de ganhar coragem e, daqui a uns dias, camisolas e casacos saltarão para a mala grande. Aquela preta, ainda em cima do armário, guardada.
Acho que não quero arrumar a minha confusão. Quero continuar a ver pedaços de mim pelo chão, a desviar-me das sapatilhas que não vou levar, a chutar a bola da Rubi naquela madeira pintalgada e muito minha.
Adio o inadiavél. É hora de começar a partir.