outubro 25, 2006

Andamento (não sei porquê, gosto da palavra)

Hoje tive um daqueles dias maus, em que se pega no telefone e por entre lágrimas se diz à mãe que se vai pra casa...Começou com um galo na cabeça, feito ainda meio a dormir, e continuou na universidade...o pouco caso dos responsáveis pelo departamento erasmus e o descaso dos professores também não ajuda a que me consiga situar por entre os primeiros dias de aulas. Até que fui dar uma volta, passar pela livraria e ver os titulos em exposiçao...encontrei um livro muito colorido, com pequenas hitstórias de e sobre o amor...acabei por comprá-lo..vocabuário acessivel e histórias curtas, bonitas. E na primeira página, na dedicatória, encontrei aquele que ficará na minha história de vida como o primeiro poema alemão que li. Este:

Jeder kann etwas.
Auch du.
Vielleicht bist du gut im
Freudebereiten, im Zuhören,
im Geschichtenerfinden.
Vielleicht kannst du einen
Handstand machen,
ein Lied singen
oder Spagetti kochen.

Vielleicht kannst du auch nur jemanden besonders lieb haben. Dann kannst du eine ganze Menge.

Arrisco a tradução já que, sendo simples, diz muito. "Todos conseguimos (fazer) algo. Tu também. Talvez sejas bom a espalhar alegria, um bom ouvinte ou um bom contador de histórias. Se calhar consegues fazer o pino, cantar uma canção ou cozinhar spaguetti.
Talvez consigas amar alguém em particular. E assim, (amas) toda a multidão.”

Serenou a tormenta e deu forças. Pra sorrir e continuar.. :)

outubro 23, 2006

"existe apenas um pecado, um só. Esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente uma variação do roubo. (…) Quando você mata um homem, está roubando uma vida-disse baba- está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.”


Khaled Hosseini "o caçador de pipas"

outubro 19, 2006

para mulheres fenomenais

"Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos...
Mas o que é importante não muda;
a tua força e convicção não têm idade.
O teu espirito é como qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.
Enquanto estejas viva, sente-te viva.
Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amarelecidas...
Continua, quando todos esperam que desistas.
Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti.
Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.
Quanto não consigas correr através dos anos, trota.
Quando não consigas trotar, caminha.
Quando não consigas caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas!!!"


Madre Teresa de Calcutá

outubro 15, 2006

Devaneio II

Desta vez fui eu que não fui. Vi-te entrar no café, sentar no canto, arrumar o colarinho. Com o perfume que te dei, depois da nossa primeira tarde juntos, pousaste as flores na mesa e olhaste a caixa de veludo vermelha. Apenas por debaixo da mesa, abrindo-a com cuidado, como se dali saltasse um reino de fantasia. Observaste o casal ao teu lado, a criança que não parava quieta no banco, o marido impaciente perante um menino choroso e uma mãe passiva:”nunca seremos assim” pensaste. Sei que o pensante. Vi-o nos teus olhos. Embora não visses os meus. Os minutos passaram, vi-te fumar os cigarros que nunca admitias, intervalados pelo meu, que passou a ser também o teu, chá predilecto. O de frutos silvestres. Desististe depois de duas horas. Ligaste e eu não atendi, apesar de te ver esperar por mim do outro lado do vidro. Vi-te ligar-me, senti o telemóvel vibrar no bolso do casaco que me deste no ultimo natal. Aquele rosa que via todos os dias na montra da loja da cidade. Regressaste a casa cabisbaixo, deste as flores a uma mulher que te pedia apenas dinheiro. Segui-te pela rua mal iluminada. Apanhei cada uma das lágrimas que deixaste no chão. Olhaste para trás várias vezes. Percebeste que te seguia. Não sei qual a desculpa de amanhã, nem sei se amanhã vou estar lá. Na mensagem que me deixaste. Não sei porque não sei, não sei se sei porque não fui. Não te abracei nem quis ver o que tinhas para mim nessa caixa da cor das rosas que deste à mulher. Que nada te queria mais do que umas moedas. Nem mesmo atenção. Acho que te pedia nada, por isso lhas deste. Ou apenas para não as pores na lata velha, deixando-as queimar com uma neve que ainda não cai.
Guardaste o veludo num cofre frio, cinza. Penduraste-me junto com o casaco, depois do beijo à mãe, que veio à porta pra te receber, estranhando ver-te sozinho, de olhos tristes. Fiquei entre casacos, cachecóis e chapéus, levaste apenas a desilusão de te dares demais. E até essa ficou no cofre, com o veludo e o mundo de sonhos. Sentaste no sofá, o telemóvel caiu de um bolso demasiado pequeno. Ligas-me mais um vez, vejo a luz passar o forro também rosa, o do meu casaco de Inverno. Ajeito o cachecol e recomeço a andar. Rumo a casa.

Rumo a mim, que sem ti apenas sobrevivo. Mesmo não querendo saber o que escondem as flores, nem a caixa. Pequena. Vermelha. E de veludo.

outubro 13, 2006

Home

Another summer day
Has come and gone away
In Paris and Rome
But I wanna go home

Maybe surrounded by
A million people I
Still feel all alone
I just wanna go home
Babe I miss you, you know

And I’ve been keeping all the letters that I wrote to you
Each one a line or two
“I’m fine baby, how are you?”
Well I would send them but I know that it’s just not enough
My words were cold and flat
And you deserve more than that

Another aeroplane
Another sunny place
I’m lucky I know
But I wanna go home
Mmmm, I’ve got to go home

Let me go home
'Cause I’m just too far from where you are
I wanna come home

And I feel just like I’m living someone else’s life
It’s like I just stepped outside
When everything was going right
And I know just why you could not
Come along with me
That this is not your dream
But you always believed in me

Another winter day has come
And gone away
In even Paris and Rome
And I wanna go home
Let me go home

And I’m surrounded by
A million people I
Still feel all alone
Oh, let me go home
Oh, I miss you, you know

Let me go home
I’ve had my run
Baby, I’m done
I gotta go home
Let me go home
It will all be all right
I’ll be home tonight
I’m coming back home

..esta musica é dedicada à minha parte que quer ir pra casa, que sente falta de tudo e de todos e se sente peixe fora de agua...não vou, não...mas o facto de não ir não me impede de dizer que sim, sinto a minha falta, do meu quarto azul bebe com as cortinas verde abacate e amarelo torrado e a colcha azul escura...das minhas caixas, no armario por cima da cama, que guardam pedaços passados da vida...da minha rubi e das niquices...do bragaparque a 5minutos, o belo cinema em adorável ingles, o aroma a pão acabado de coser do café à beira de casa...até da mãe a stressar que tou há demasiado tempo no chuveiro...

outubro 11, 2006

Erasmus

Existe sempre aquela ideia de que Erasmus são festas e noites de intermináveis copos..no final, os professores são compreensivos, fazem uma oral ou mandam fazer um trabalhito escrito..pois...por aqui não é assim..hoje tivemos uma reunião e de repente temos que apresentar um horário até sexta-feira ao nosso coordenador erasmus..aqui as coisas são um pouco diferentes, temos uma área como principal, mas depois podemos fazer cadeiras de todas as faculdades, de todas as áreas.

...e de repente descubro que tenho 10 horas semanais de aulas d lingua alemã e podemos dar duas faltas por semestre...a todas as cadeiras...inda não defini a minha carga horaria mas...isto promete, sem dúvida...

outubro 10, 2006

Não resisto

outubro 04, 2006

Para Ti

Carta (Esboço)

Lembro-me agora que tenho que marcar um
encontro contigo, num sitio em que ambos
nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma
das ocorrências da vida venha
interferir no que temos para nos dizer. Muitas
vezes me lembrei de que esse sitio podia
ser, até, um lugar sem nada de especial,
como um canto de café, em frente de um espelho
que poderia servir de pretexto
para reflectir a alma, a impressão da tarde,
o último estertor do dia antes de nos despedirmos,
quando é preciso encontrar uma fórmula que
disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É
que o amor nem sempre é uma palavra de uso,
aquela que permite a passagem à comunicação
mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale,
de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós
leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio
ser, como se uma troca de almas fosse possível
neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e
me peças: “Vem comigo!”, e devo dizer-te que muitas
vezes pensei isso mesmo, mas era tarde,
isto é, a porta tinha-se fechado até outro
dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então
as palavras caem no vazio, como se nunca tivessem
sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar
um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos
para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que
é também a mais absurda, de um sentimento; e, por
trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia
seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores
do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos
encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que
o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí
que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas,
que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo
das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.

Nuno Júdice

Não é a primeira nem será a última vez que posto este poema...porque é mesmo isto que te quero dizer...não que se trate de amor (porque não o é) mas são sentimentos...singularidades que me fazem manter o olhar em ti mais um décimo de segundo, sentir a tua falta, precisar de saber de ti, ter-te no pensamento..são recordações de um passado não muito distante, que conservo e quero aumentar. Porque não sendo amor, é algo agradável, simpático, que me faz sorrir.
Como tu.

outubro 02, 2006

Diário de bordo

Meio de um dia (já) incrivelmente longo. Estou no comboio regional, sem pressa de chegar ao destino à muito anunciado: Trier. Talvez pelo cansaço, talvez por tudo, Munique ainda está incrivelmente perto. O hambúrguer às 5 da matina, os abraços começados às 3h e estendidos até ao apitar do comboio. Na cabine do rápido as horas atropelaram-se, o nevoeiro encobriu o que não quero ver. Engraçado como todas as batalhas começam com um “adeus”. Faz hoje um mês que fiz anos. Apetece-me chorar. E no entanto, todo o corpo é invadido pela brasinilidade do Sérgio Mendes. E ao ver a paisagem sorrio. A partir de agora é a sério.
Munique virá a seu tempo. Tempo é do que preciso. Para desfazer as milhentas malas, dar cheiro e cor às paredes que serão a casa minha. O corpo precisa de descanso. E a cabeça, de serenar a tormenta. Das (já) saudades de casa. Do que (já) ficou em Munique. Preciso de juntar os meus pedaços e saber onde me deixei ficar. (sei bem demais)
Agora, o nevoeiro dissipa-se e o Mosel corre com uma pressa que não tenho. A minha doce bossa nova embala as vossas palavras: “Não pense”, “A gente ainda se vê”, “até breve”. Pensar que sou “sortuda” (embora ainda não tenha entendido o sentido das tuas palavras) põe-me um sorriso nos lábios. E dá-me força pra continuar.

O meu Erasmus está prestes a começar.

Munique-Trier, 28 de Setembro de 2006