Chuva no Onibus
Assim se chama esta foto. "Chuva no Onibus"...a chuva que cai, numa tela a preto e branco...que desbota a realidade, partes da tela, tão cuidadosamente pintada pelo autor...a tela desbota, porque as gotas caem ou são as lágrimas que alteram a pintura? Chove fora do Onibus, chove nos meus olhos...no Onibus não chove, não há vento, não faz frio..no Onibus me sento e observo..a chuva que cai, indiferente a mim, às minhas gotas...no Obinus me refugio, me alheio e oiço uma música..uma qualquer, ou uma especial..não. Agora quero ouvir uma música especial..sim...ela também fala do mar dos meus olhos..das gotas salgadas que correm pela areia branca da minha face, que desaparecem deixando sua marca unica na areia fina..que após uns raios de sol, desaparecem, como se nunca tivessem existido..mas estão lá..desde que se precipitaram pelo abismo da existência, estão. Numa leve ondulação, ou numa tormenta infernal, elas estão lá. Nasceram, tiveram o seu segundo de vida e beijaram meus lábios, desaparecendo...mas nesse segundo foram tudo. Foram alegria, tristeza, raiva, descontentamento, desilução...foram. E por muito sol que brilhe, elas continuarão a existir...secam, mas a sua marca na areia permanecerá. Para sempre, ainda que a erosão do tempo tente apagá-las, elas ficam.
Todas elas.
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