Uma história...

Era uma vez uma menina. Se bem que olhando para ela, nunca a considariamos "uma menina". Era uma convicta "maria rapaz". Magra, irrequieta, com olhos que pareciam "duas azeitonas" (como lhe dizia a tia-avó sepre que a via)e o cabelo curto. Muito curto. As calças de malha ou o fato de treino que vestia pela manhã, raramente chegavam limpos a casa no final do dia, e raro era também o dia em que não tinha uma novidade para contar. Ou inventava uma receita nova no refeitório (e ficava de castigo na mesa virada para a parede) ou tinha feito uma corrida, tropeçado e esfolado os joelhos e as mãos "mas ganhei" ou então tinha ido para a montanha "onde abrimos ouriços com os pés para tirar as castanhas mãe, e como estava de sandálias agora tenho picos nos dedos dos pés. Depois tiras?" E assim passava os seus dias. Inesquecivel é, sem dúvida, o dia em que invadiu a cozinha e decidiu ensinar todas as freiras a dançar o samba. Mais de dez anos passados desde que de lá saí, ainda me recordam isso. E eu também. Quando volto à montanha onde fiz tantas corridas e joguei às escondidas, à macaca e fiz piqueniques, só me lembro desses dias. Em que o céu era mais azul e brincava com pressa de crecer. Hoje, tenho saudades desses tempos...em que ficava de castigo, esfolava os joelhos, cantava e não queria fazer a sesta. Será que posso voltar atrás e dizer a todos eles "não tenham pressa de crescer"?!