março 06, 2007

A minha solidão

O aperto começou quando esperava, mecanicamente, pelo 3, direcção "Tarforst", pra voltar da estação. Com a musica nos ouvidos procurava não pensar no vazio imenso que me ia invadindo, esvaziando a fúria da impaciência de ser deixada à espera. Desde então, criei um tempo próprio, num mundo em que sou senhora e rainha- o meu.

O vazio continuou na última festa, em que me seguiste para todo o lado, me abraçaste e me deste um beijo na testa, depois de me obrigares a sorrir (desta vez não por ti mas para ti)…em que me disseste o que nunca esperei ouvir dos teus lábios e me mandaste ser feliz com outro alguém que não tu. Assenti, confessando sentimentos contraditórios...hoje me pergunto se doeu (mais) em ti o que me dói agora.

O vazio começou depois do ultimo beijo, do ultimo abraço (sabendo-o só meu), depois de eu partir, desta vez no 83 (mas também direcção "Tarforst") e de esperares, pacientemente, que eu fosse para te voltares a perder no mundo. Depois de nos termos encontrado (e voltado a perder) entre sorrisos, beijos, abraços e discussões apaixonadas sobre nada-e-coisa-nenhuma num tempo nosso, em que ditávamos a que velocidade nos permitíamos ser felizes.

O vazio, contudo, vem de trás. De outros braços, de muitos outros abraços. O vazio foi-se desenhando depois da euforia de saber que a partida seria a única coisa certa a partir de Setembro.


Muitas são as conversas, as loucuras, as palavras e sentimentos já vividos e trocados. Mas é como dizia à Anthi (a grega que mora comigo) estes dias: sinto que entrei numa montanha russa e até agora ninguém me disse como se sai, onde é o botão de emergência. A seu tempo falarei das viagens, das cidades, postarei lindas fotos, tanto de belas paisagens como de noites de infindáveis copos, em que houve (há e haverá) sempre disposição para mais uma música, mais uma cerveja, mais uma foto, mais um abraço. Mais para frente poderei, até, falar mais um pouco do semestre já terminado e de todas as burocracias que se tornam razão- última- de cá estar.

Agora partilho o vazio, a solidão que toma conta de um lugar depois de todas as garrafas abertas, os estilhaços de copos no chão, as cadeiras desorganizadas, o chão sujo, as mesas agora cheias apenas de papéis enrodilhados e bandejas vazias. Ainda oiço a banda, apesar de ela já tocar em outra festa, receber outros aplausos, causar espanto e gritos histéricos a outros que não nós.

É hora de limpar o salão, organizar cadeiras, pensar numa nova decoração. Abrir as janelas, deixar a paz entrar, permitir que os poucos raios de sol iluminem a escuridão da tristeza. Por me ter só a mim na minha solidão. E por entender, tardiamente, que te perdi. Culpa minha……por ter querido outro que não tu.


Agora percebo as palavras que me pareceram cruéis, infundadas, convencidas. E sim, dou-te, finalmente, razão.

3 Comments:

Blogger ... said...

que foi isto mulher??? (sem duvida...talvez das coisas mais belas que escreveste)...mas pensa que daqui a duas semanas estamos as duas a caminho da farra montadas na minha bici...eheh

3:58 da tarde  
Blogger Pat said...

lol..e eu ja ando a treinar o italiano.. ve so: "ciao bello, come stai?" :D :D

5:32 da tarde  
Blogger ... said...

LOLOL!!! sua maluca!!:P

4:33 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home