maio 29, 2008
maio 26, 2008
Natureza morta com livro
Abro o livro que deixaste sobre a mesa,
como se nele estivesse uma resposta. Procuro a tua voz
em cada página, e tento reencontrar um sentido
para as frases que se acumulam, como se
não me tivesses dito, uma vez, que nenhuma
resposta se encontra nos livros. Mas
é neste livro que me deixaste, vazio
como a chávena que ninguém levou, que
uma resposta se encontra. E apago, uma a uma. todas
as suas páginas, para ficar com o livro branco
onde irei escrever as frases que me possam
trazer de volta a tua voz, para que
em cada página me seja dada
a resposta que procuro.
Nuno Júdice
como se nele estivesse uma resposta. Procuro a tua voz
em cada página, e tento reencontrar um sentido
para as frases que se acumulam, como se
não me tivesses dito, uma vez, que nenhuma
resposta se encontra nos livros. Mas
é neste livro que me deixaste, vazio
como a chávena que ninguém levou, que
uma resposta se encontra. E apago, uma a uma. todas
as suas páginas, para ficar com o livro branco
onde irei escrever as frases que me possam
trazer de volta a tua voz, para que
em cada página me seja dada
a resposta que procuro.
Nuno Júdice
Mais do mesmo :)
Aparição num dia de inverno
Um dia, lendo este poema, lembrar-te-ás:
o amor falou através dele. Ouvirás no seu ritmo
a voz que tantas vezes desejaste; reconhecerás
nos seus versos o corpo que encheu
a tua vida; tocarás em cada uma das suas palavras
os dedos que te ensinaram a medir os dias
pelas suas contas de ternura. E o tempo
entrará por ti como esse rio que alagou os campos
do inverno. Olharás à tua volta, vendo a desolação
de uma paisagem inundada. Algures, porém,
uma árvore antiga sobressai; e os seus ramos
verdes dar-te-ão a esperança de uma nova
primavera, em que voltes a ouvir a voz
que o poema te trouxe com os seus dedos
de música.
Nuno Júdice
Um dia, lendo este poema, lembrar-te-ás:
o amor falou através dele. Ouvirás no seu ritmo
a voz que tantas vezes desejaste; reconhecerás
nos seus versos o corpo que encheu
a tua vida; tocarás em cada uma das suas palavras
os dedos que te ensinaram a medir os dias
pelas suas contas de ternura. E o tempo
entrará por ti como esse rio que alagou os campos
do inverno. Olharás à tua volta, vendo a desolação
de uma paisagem inundada. Algures, porém,
uma árvore antiga sobressai; e os seus ramos
verdes dar-te-ão a esperança de uma nova
primavera, em que voltes a ouvir a voz
que o poema te trouxe com os seus dedos
de música.
Nuno Júdice
Intervalo de leitura
No meio das palavras, um olhar. Não
por acaso, nem de propósito. O olhar que
resumiu todas as frases e todos
os silêncios. O olhar que as mãos escreveram
uma na outra, quando passaram
por entre gramáticas e dicionários,
e encontraram a única e última
palavra, onde começa e acaba
o amor.
Nuno Júdice
por acaso, nem de propósito. O olhar que
resumiu todas as frases e todos
os silêncios. O olhar que as mãos escreveram
uma na outra, quando passaram
por entre gramáticas e dicionários,
e encontraram a única e última
palavra, onde começa e acaba
o amor.
Nuno Júdice
Tempo
Como se tivesse todo o tempo, não
se lembra do tempo que foi, nem pensa no que
há-de vir. O tempo é a mesa vazia onde
nada cabe, como se estivesse cheia; e
entre passado e futuro as sombras
alargam-se pelo chão, desenhando
a escadaria por onde desceu, até
hoje, numa incerteza de passos
infalíveis.
Nuno Júdice
se lembra do tempo que foi, nem pensa no que
há-de vir. O tempo é a mesa vazia onde
nada cabe, como se estivesse cheia; e
entre passado e futuro as sombras
alargam-se pelo chão, desenhando
a escadaria por onde desceu, até
hoje, numa incerteza de passos
infalíveis.
Nuno Júdice