março 31, 2007

a foto do novo cabelito :p



"Queres água?
-Não -Queres Martini?
Não
-Queres um iogurte?
Não
Queres hamburguer?"

(... Milão, último dia, completamente estouradas e abancadas nas escadas do Duomo, a ouvir as italianas histéricas por causa de um cromo qualquer que estava a muitos metros de altura....quem entende...?)

Viagem pautada por diálogos não com muito nexo mas com cenários de sonho, muitas gargalhadas e momentos únicos.

A seu tempo um post mais elaborado....são só mais uns dias pa digerir tudo (e limpar a casa, arrumar e lavar as roupas espalhadas, tirar as malas do corredor, meter alguns postais no correio...sim, porque hoje já comprei comida decente!!)

março 18, 2007

Sempre o Erasmus


(da esquerda pra direita: Mafi (Porto), Isabel (Brasil), eu e Alberto (Itália); foto da Béu)

Agora que perco a noção do tempo nas inúmeras linhas de amigos "perdidos" por outras realidades que não as que partilhamos por três anos, paro a pensar no meu erasmus. São já seis os meses que levo de Alemanha. E sabem que mais?...gosto! Agora consigo sorrir ao pensar nos primeiros momentos, perdida em Munique, dizendo à mãe que desligaria o telefone assim que as lágrimas ameaçassem turvar a voz. Lembro, com saudade, de todas as pessoas que fui conhecendo ao longo do caminho, dos sorrisos, abraços e ajudas despretensiosas que recebi e de como, também, ao dar um pouco de mim, provoquei outros sorrisos, outros abraços e ajudei alguém.


Propor-me a estar aqui por um ano é estranho. Conviver com as adversidades é complicado. Obter novas conquistas e partilha-las apenas por telefone, torna-se um pouco redutor. (por muito que a voz vibre, falta sempre o abraço, o sorriso de quem sempre acreditou em nós, até quando nós próprios ameaçamos duvidar). Por isso se conhecem pessoas, fazem amigos, criam-se laços. E, no final do semestre, mais um aperto: as constantes idas à estação, vendo partir alguns dos que tornaram mais colorida a nossa manta de retalhos…os que deram mais textura ao cobertor com que nos cobrimos, disfarçando o medo do desconhecido.

Faz hoje um mês que os sorrisos se misturaram com lágrimas, na última festa erasmus do semestre, e o aperto deu lugar a longos abraços e desejos de muitas vitórias. Faz um mês que o rio embalou o emaranhado dos meus pensamentos, deixando uns e partindo ao encontro de outros que fizeram uma pausa na sua rotina para me ver, perceber a minha realidade, conhecer uma nova cultura e arrancar-me muitos sorrisos com as noticias e as paródias de casa.

Daqui a um mês, começa o novo semestre. E claro, a curiosidade sobre os novos erasmus é mais do que muita. Sinto que voltei ao início do ciclo…mas desta vez parto em vantagem: já tenho amigos, pessoas a quem ligar para uma cerveja ou um Kebab, sempre pautados por conversas, cuidado, carinho.

Este foi um mês de solidão: em parte imposta, em parte escolhida. Dei-me tempo para dormir, conhecer as ruelas da cidade que aprendi a amar, estudar, pensar, rever conceitos, prioridades, ver mmmuuiittoosss desenhos animados, ler sobre as novas cadeiras e dar-me ao luxo de escolher o que me dará, verdadeiramente, gosto e vontade de estudar.

Amanhã é dia de partir. De ser acolhida pela menina que não me queria deixar partir, que teimava em segurar-me nos seus braços… e que sempre me arranca sorrisos. Os próximos dias prometem ser de muita diversão, de alegria, cores e gargalhadas por tudo e coisa nenhuma…mais do que isso, um alimento para a alma…“pra receber daquilo que aumenta o coração”.

março 12, 2007

Mia

Ich bin hier weil ich hier hin gehör
Von Kopf bis Fuß bin ich verliebt
Du bist mutig weil du mir Treue schwörst
Zwischen all den schönen Souvenirs

Sprich mich an in dem Takt,
der dieses Lied zu unserm Hit macht
brich den Beat mit Gefühl
du bist so schön weil du lachst (és tão bonito porque sorris)

Du mein Herz tanzt (meu coração dança)
Und jedes Molekül bewegt sich (e cada molécula se agita)

Glaubst du wie ich daran, dass alles gut sein kann
Solange wir zusammen sind.

Brich das Eis, mit dem Schritt
Der jedes Atmen zum Wagnis macht
Halt mich fest, mit Gefühl
Es ist so schön wenn du lachst (é tão bom quando sorris)

Du mein Herz tanzt (meu coração dança)
Und jedes Molekül bewegt sich (e cada molécula se agita)


Jedes Positron entläd sich
Jede Faser biegt und dreht sich

Mia- Tanz Der Molekule


Este é o hit do momento por terras germânicas!! É assim...aquela música que já sabemos que vamos ouvir assim que se põe um pezinho na disco (ou no Barroco se for noite dance, ou na Festa Erasmus cá no Campus!!) ...e que saudades, não só a de ouvir, mas do povo todo a cantar a parte do refrão (devidamente traduzida aqui)...e do gritinho da Beu ("Olha é a Mia!!! Essa passa directo na MTV!!")

...e claro, não consigo deixar de pensar nesta menina sempre que oiço a música (que apesar de não cantar em alemão, encanta a todos e responde pelo apelido de Mia) e com quem conto estar, de hoje a uma semana, senão a ouvir a outra Mia, pelo menos a beber uns canecos...ou uns Martinis seilá... :D

março 09, 2007

300

Percorre a rua molhada, já sem chuva. Cruza a mala, aperta as mãos nos bolsos e acelera o passo. Apesar da hora, apesar do frio na barriga, pesando muito o cansaço, já conhece as manhas da rua. Sabe que dali a um quarteirão terá que fechar mais o casaco, para que se lhe não vejam as pernas (evitando os previsiveis piropos dos miúdos, que nos seus 16 anos têm pressa de crescer)...mais a diante, perto da sua paragem habitual, sabe que há reunião dos sem abrigo, talvez lá esteja o Quim, que a vê há tantos anos percorrendo a mesma rua que já quase o tem como amigo. Quase.

Não sabe quantos homens já lhe passaram pelo corpo. Talvez, se parasse para pensar, talvez conseguisse ter uma ideia aproximada....mas para quê? Para se sentir ainda pior nas roupas de grife que usa? O vermelho dos lábios borrado, o lápis nos olhos já meio apagado, o blush imperceptível....até o brilho da sombra nos olhos se foi. Porque o dos olhos, perdeu-o há muito tempo. Apenas as unhas- vermelhas- se mantêm intactas. Puxa de mais um cigarro, matando a cada baforada, um pouco da solidão que a acompanha. E a si mesma. Sem pressa. Sem culpa. Nem remorso.

É com o cabelo em desalinho que espera pelo autocarro. O primeiro da manhã. A hora agora é de dormir. Para amanhã voltar, vestir, despir, voltar a vestir, apertar as mãos nos bolsos do casaco, encolher os ombros e baixar os olhos (para evitar o frio da madrugada que se entranha) e ao passar na 31 voltar a tentar fechar um pouco mais o casaco, ondulante perante a pressa dos seus passos, o desconforto em ser notada por aquelas crianças, a mágoa de olharem apenas para as suas pernas e a vergonha de uma pintura agora desfeita, agora borrada, já sem sentido.

Até ao dia em que ganhar coragem para andar mais um quarteirão. E se abeirar da ponte.

E provar a todos que os cigarros a matavam devagar. Demais.

março 07, 2007

Quem tem lingua....percebe o filme!!

Pois é minha gente....hoje aproveitei pra fazer algo diferente: ganhei coragem e fui ver este filme...sim, dobrado em alemão! Depois de meia hora de propaganda absolutamente chata de tão previsível, surgiu um simpático aviso na tela, a informar os (poucos) espectadores que o filme seria a preto e branco não por dificuldades técnicas (não!!!) mas porque a película tinha sido assim criada.

Gostei do filme, apesar de ser um pouco confuso. Em jeito de "critica", não entendo o nome do menino do homem-aranha no cartaz, já que a sua parca aparição dificilmente o justifica...e fica um louvor à excelente actuação de Kate Blanchett que, apaixonando o espectador desde a sua primeira aparição em cena, passa de simples amante a chave de todo o mistério....e mais não digo.

O balanço é positivo. Não vou mentir e dizer que entendi o filme t-o-d-i-n-h-o (todas as falas) mas sim, entendi a trama...fiquei foi com uma pequenina duvida no final, quando o Clonney vai todo pimpão com a Kate para o avião e ela diz qualquer coisa e ele volta pra trás. No final do filme, lá me enchi de coragem e abordei um simpático casal. Explicando-lhes que não dominava a lingua, perguntei-lhes o que se tinha passado na cena final...e sim, apesar de não conhecer a palavra que ela "usou", deduzi acertadamente...ponto pra mim!

E lá fui eu, de cabelinho novo (e à chuva) para a paragem esperar plo meu 83 "tarforst"!


PS- Quando calhar (e tiver) fotos do novo penteado, mostro a "desgraça"...
PS2- ...e sim, os filmes são TODOS dobrados...

março 06, 2007

A minha solidão

O aperto começou quando esperava, mecanicamente, pelo 3, direcção "Tarforst", pra voltar da estação. Com a musica nos ouvidos procurava não pensar no vazio imenso que me ia invadindo, esvaziando a fúria da impaciência de ser deixada à espera. Desde então, criei um tempo próprio, num mundo em que sou senhora e rainha- o meu.

O vazio continuou na última festa, em que me seguiste para todo o lado, me abraçaste e me deste um beijo na testa, depois de me obrigares a sorrir (desta vez não por ti mas para ti)…em que me disseste o que nunca esperei ouvir dos teus lábios e me mandaste ser feliz com outro alguém que não tu. Assenti, confessando sentimentos contraditórios...hoje me pergunto se doeu (mais) em ti o que me dói agora.

O vazio começou depois do ultimo beijo, do ultimo abraço (sabendo-o só meu), depois de eu partir, desta vez no 83 (mas também direcção "Tarforst") e de esperares, pacientemente, que eu fosse para te voltares a perder no mundo. Depois de nos termos encontrado (e voltado a perder) entre sorrisos, beijos, abraços e discussões apaixonadas sobre nada-e-coisa-nenhuma num tempo nosso, em que ditávamos a que velocidade nos permitíamos ser felizes.

O vazio, contudo, vem de trás. De outros braços, de muitos outros abraços. O vazio foi-se desenhando depois da euforia de saber que a partida seria a única coisa certa a partir de Setembro.


Muitas são as conversas, as loucuras, as palavras e sentimentos já vividos e trocados. Mas é como dizia à Anthi (a grega que mora comigo) estes dias: sinto que entrei numa montanha russa e até agora ninguém me disse como se sai, onde é o botão de emergência. A seu tempo falarei das viagens, das cidades, postarei lindas fotos, tanto de belas paisagens como de noites de infindáveis copos, em que houve (há e haverá) sempre disposição para mais uma música, mais uma cerveja, mais uma foto, mais um abraço. Mais para frente poderei, até, falar mais um pouco do semestre já terminado e de todas as burocracias que se tornam razão- última- de cá estar.

Agora partilho o vazio, a solidão que toma conta de um lugar depois de todas as garrafas abertas, os estilhaços de copos no chão, as cadeiras desorganizadas, o chão sujo, as mesas agora cheias apenas de papéis enrodilhados e bandejas vazias. Ainda oiço a banda, apesar de ela já tocar em outra festa, receber outros aplausos, causar espanto e gritos histéricos a outros que não nós.

É hora de limpar o salão, organizar cadeiras, pensar numa nova decoração. Abrir as janelas, deixar a paz entrar, permitir que os poucos raios de sol iluminem a escuridão da tristeza. Por me ter só a mim na minha solidão. E por entender, tardiamente, que te perdi. Culpa minha……por ter querido outro que não tu.


Agora percebo as palavras que me pareceram cruéis, infundadas, convencidas. E sim, dou-te, finalmente, razão.