janeiro 23, 2007

então porquê..?!

"...se vocês não são um do outro ou não estão um com o outro..."

janeiro 14, 2007

Angústias de uma espera

Deixei o telefone no máximo na esperança de você ligar.
Percorri bares, restaurantes, esquinas, lares.
Te escrevi dezenas de cartas que nunca entreguei.
Arrumei a casa.
Comprei roupa.
Fui aos lugares que você freqüenta.
Tentei largar o cigarro.
Me perfumei.
Me tornei feminina.
Mudei meu horário.
Emagreci.
Amei os teus.
Te liguei, disseram que tinha saído.
Te pedi, você não respondeu.
Fiz planos.
Comprei espartilho, cinta-liga e lingerie.
Te fiz cafuné.
Me fiz disponível.
Consertei a cama.
Comprei lençóis.
Fiz cópia da chave para o caso de você ficar.
Tomo pílulas para o caso de você querer.
Carrego sua foto na minha carteira.
Aprendi a andar no seu bairro.
Chorei por você.
Ri com você.
Ri de você.
Não me importei com seu atraso.
Inventei você ao meu lado.
Te convidei para entrar.
Te convidei para ficar.
Te contei tanto.
Te dei a chave.
Te desejei.
Te atrapalhei.
Te sufoquei.
Te matei.
E você nem percebeu


Carolina Vigna Prado

(há tambem este)

janeiro 13, 2007

concordo

"Falamos de Fronteira como apenas um lugar, em vez de uma ideia. Acredito que as verdadeiras fronteiras são aquelas que existem dentro de nós."

Alejandro González Iñárritu

janeiro 09, 2007

...will ich oder will ich nicht?...

janeiro 01, 2007

O primeiro do ano

Olham-se sem se ver. Ela sentada na cama lendo palavras que passam a uma velocidade brutal pelo cérebro ainda mal acordado, ele teima em ler coisas que quer à viva força que façam sentido, de costas para ela, O vento na janela, demasiado forte, capaz de o fazer deixar (por um mísero instante) o universo que quer pra si e dizer
-está frio
e ela sim, quase sem ouvir o que ele diz
-está um vento de neve
aquela que ela quer ver e de que ele tem medo não por ser assustadora mas por trazer consigo uma força castradora, este tempo leva à depressão (sabias que a Suécia é o pais com a maior taxa de suicídio do mundo?)

o tempo passa por ela com uma lentidão vertiginosa para ele, eles que nem se olham ela que ainda tenta que o cérebro processe palavras que ele quer pra si, lendo coisas diferentes que nalgum ponto terão algo em comum.

Lembra-se de desligar os telemóveis, sabe que amanhã terá chamadas não atendidas a que dará retorno, desculpando-se com a falta de bateria e o carregador que estava não sei onde também não estava em casa (não cogitei sequer sair) sabes como são estas coisas, é o mal -bem- das tecnologias (ficar sem bateria ou ter um botão off?)

Não era para ser assim (raramente é). A alegria transformou-se em decepção, num incomodo passivo, numa invasão consentida de espaços. Ele continua de costas, agora olha para fora, ouvindo o vento
-está um vento de neve
e as folhas rodopiam
-parece quase um tornado

Ela desiste de ouvir o silêncio que de tão gritante se tornou incomodo, Põe a tocar um cd que lhe lembra momentos em que se sentiu feliz quando ainda acreditava que este é um estado quase permanente -Tola ela- e esta recordação dói quer mudar o cd mas pára antes de carregar no eject, afinal há uma dor purificante nisto percebes porque hoje digo que sou pragmática? Nem ela sabe o porquê, mas assim se assume parece que dói menos do que pensar em sentimentos alegres como estados permanentes, nada é permanente só a morte é certa, este tempo leva à depressão.


“Perene flui a interminável hora,
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morremos. Colhe
O dia, porque és ele.”
(Ricardo Reis)



(Acho que lhe apanhei o estilo.)